Marcelo Gandini, 34 anos, capixaba, policial militar, artista plástico e professor, bate um papo descontraído com o 2 veís 1, descrevendo seu percurso nas artes, exposições e projetos.
Gandini, pra começar fale sobre seu trabalho, o processo de criação e como vê a arte contemporânea no ES hoje?
Meu trabalho basicamente se relaciona com meu dia a dia, não há a possibilidade de separar vida e arte, parece um clichê, mas vejo que algumas pessoas se afastam de si ao produzir seus trabalhos artísticos, isso é um grande equivoco.
Meu trabalho surge da observação de tudo que me cerca, percebo as coisas na medida em que as coisas me tocam sensivelmente e regurgito tudo isso a minha maneira desenhando, pintando, produzindo vídeo ou com algum projeto que consiga dar conta de uma intenção inicial e que muitas vezes foge ao controle e ganham status de “ARTE”.
Hoje o panorama das artes plásticas do ES se mostra muito promissor sob o ponto de vista da criação, crítica e público as coisas caminham em uma direção interessante com seminários, oficinas, exposições, salões mantendo um diálogo com pessoas fora da cena local, o que traz uma nova perspectiva. Por outro lado vejo que muitos artistas ainda não têm uma maior visibilidade seja pela falta de políticas públicas que viabilizem projetos, ou a espaços (galerias ou espaço público) para interação público/artista.
Como foi para você que tem uma linha de trabalho consistente e produtiva na fotografia, ser selecionado para o Salão Bienal do Mar 2009, que trouxe uma proposta de Intervenção Urbana?
Como disse, vivo observando, o desenho é uma forma de materializar visualmente uma intenção, mas muitas vezes o desenho ou a fotografia não dão conta e é preciso caminhar por caminhos desconhecidos perigosos e insuportavelmente instigantes sob o ponto de vista da experimentação e do autoconhecimento. Intervenção urbana é uma maneira de aguçar, atrair o olhar, propondo um diálogo consigo mesmo, a cidade e o espectador.
Comente sobre o conceito da intervenção “grandePEQUENAcatraia ” e a repercussão da obra na Bienal ?
Na verdade o objetivo ou a intenção inicial de um trabalho não pode ser apenas do autor e quando o público se depara com a proposta podem ocorrer inúmeras reações não previstas anteriormente e isso que é muito legal o trabalho ganha vida própria e autonomia. O que o torna pertinente não é só a percepção, do catraieiro diante de embarcações enormes, mas questões levantadas a partir de suas relações com a cidade questionamentos que levem um pensamento crítico sobre tudo isso.
Você acha que a escolha de Intervenções urbanas para a Bienal do mar foi bem aceita pelo público capixaba? Ela conseguiu inserir-se como uma interferência na cidade de vitória ou faltou algo mais?
Acho que sim, o público foi surpreendido por obras que tinham uma preocupação com a influência mútua. É claro que sempre são previstos alguns ruídos na comunicação entre o público, a cidade e a obra, em uma obra de caráter efêmero espera-se a força de um minuto ou de cem anos, mas gostaria de vê-las acontecendo antes de serem depredadas ou roubadas, por outro lado essa é a razão de uma intervenção, não ser ignorada. Acho que faltou uma melhor organização da Prefeitura de Vitória no sentido de preservar os trabalhos e até mesmo disponibilizar algumas pessoas que pudessem mediar a relação público/obra.
Marcelo, a bienal teve duas obras depedradas, o que você acha desse relação: público x obras/intervenções?
Faltou uma mediação, na verdade as pessoas não respeitam o que não conhecem e a resposta é bem clara, cerca de 85% da população brasileira nunca foi a uma galeria de arte “a ignorância é uma benção”, será?
E para finalizar, quais são os projetos, exposições para 2009. E fique a vontade para falar o que quiser.
Em 2009 tenho uma exposição marcada para o final do mês de abril e caminho sem ter certezas.
Ver exposição "Projéteis", postagem logo abaixo.
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